Ecoansiedade: como as mudanças climáticas afetam sua saúde mental

Ecoansiedade: como as mudanças climáticas afetam sua saúde mental
Preocupação com as mudanças climáticas pode afetar a saúde mental. (Imagem: Kireyonok_Yuliya/Freepik)

Em um mundo cada vez mais marcado pelas mudanças climáticas e pela degradação ambiental, surge um sentimento em muitas pessoas: a ecoansiedade. Essa angústia, caracterizada por um medo persistente em relação ao futuro do planeta e seus impactos na vida humana, tem se tornado cada vez mais frequente, especialmente entre os jovens.

O que é Ecoansiedade?

A ecoansiedade, também conhecida como ansiedade climática, se define como um estado de apreensão, preocupação e medo crônicos relacionados à crise ambiental e suas consequências para o planeta e para a humanidade. Essa angústia pode se manifestar de diversas formas, como:

  • Preocupação constante com o futuro do planeta: indivíduos com ecoansiedade podem se sentir constantemente preocupados com o aquecimento global, perda de biodiversidade, poluição, eventos climáticos extremos e seus impactos na vida humana e nos ecossistemas;
  • Sentimento de impotência e desespero: a sensação de que nada pode ser feito para deter ou mitigar as mudanças climáticas pode gerar sentimentos de impotência, desespero e frustração, levando à apatia e à desmotivação;
  • Culpamento e vergonha: pessoas com ecoansiedade podem se sentir culpadas por suas próprias ações e pelo impacto que elas causam no meio ambiente, mesmo que sejam mínimas. Essa culpa pode levar à vergonha e à autocobrança;
  • Dificuldade em se concentrar em outras áreas da vida: a preocupação constante com o meio ambiente pode afetar a capacidade de concentração em outras áreas, como estudos, trabalho e relacionamentos pessoais.

As raízes da ecoansiedade: questões ambientais e sociais

A ecoansiedade não surge do nada. Ela é alimentada por diversos fatores interligados, que incluem:

  • A crise climática e seus impactos: as mudanças climáticas, com seus eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos, como secas, inundações, furacões e ondas de calor, representam uma ameaça concreta ao planeta. Essa realidade gera um sentimento de medo e insegurança que contribui para o desenvolvimento da ecoansiedade.
  • A degradação ambiental: perda de biodiversidade, desmatamento, poluição do ar e da água, e a degradação dos solos são apenas alguns exemplos dos problemas ambientais que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas. A percepção da gravidade desses problemas contribui para o surgimento da ecoansiedade.
  • A falta de ação efetiva: a sensação de que governos, empresas e indivíduos não tomam medidas suficientes para combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente pode gerar frustração e impotência, intensificando os sintomas;
  • Desigualdades sociais e ambientais: a crise climática e a degradação ambiental impactam de forma desproporcional os mais pobres e vulneráveis, intensificando as desigualdades sociais e aumentando a sensação de injustiça. Isso contribui para o desenvolvimento da ecoansiedade, especialmente em pessoas que se preocupam com a justiça social e ambiental;
  • Exposição à informação negativa: a disseminação de notícias e imagens sobre desastres ambientais, eventos climáticos extremos e impactos negativos das mudanças climáticas pode intensificar os sentimentos de medo, ansiedade e impotência.

Impactos na saúde mental e no bem-estar

A ecoansiedade pode ter um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar individual, causando diversos sintomas, como:

  • Ansiedade generalizada: preocupação excessiva e persistente com o futuro do planeta, mesmo em situações cotidianas;
  • Depressão: sentimentos de tristeza, desânimo, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e pensamentos negativos sobre o futuro;
  • Crises de pânico: ataques súbitos de medo intenso que podem causar sintomas físicos como taquicardia, sudorese, tremores e falta de ar;
  • Dificuldades de sono: insônia, sono agitado e pesadelos relacionados à crise ambiental.

Enfrentando a ecoansiedade

A ecoansiedade é um desafio real, mas não precisa ser paralisante. Existem diversas ferramentas e estratégias que podem ajudar a lidar com esse sentimento de forma consciente e resiliente:

  • Busque informações confiáveis: em vez de se bombardear com notícias negativas, procure fontes confiáveis de informação sobre a crise climática e as soluções existentes. Leia relatórios de instituições reconhecidas, como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC);
  • Conecte-se com a natureza: estar em contato com a natureza comprovadamente reduz o estresse e a ansiedade. Passeie por parques, florestas ou praias, plante um jardim, entre outras ações;
  • Foque nas soluções: informe-se sobre iniciativas sustentáveis, tecnologias verdes e práticas de consumo consciente;
  • Encontre sua tribo: procure grupos ambientais, comunidades online ou ONGs locais para se conectar com pessoas que compartilham suas preocupações e engajar-se em ações coletivas;
  • Adote práticas sustentáveis: faça pequenas mudanças em sua rotina, reduzindo o consumo de energia e água, utilizando transporte público ou bicicleta e opte por produtos com menor impacto ambiental. Mesmo pequenas ações individuais somadas podem fazer a diferença;
  • Cuide de si mesmo(a): a ecoansiedade pode ser emocionalmente desgastante. Por isso, é fundamental priorizar o autocuidado. Pratique atividades físicas regulares, tenha uma alimentação saudável, reserve momentos para relaxamento e busque apoio psicológico especializado, se necessário;

A ecoansiedade é uma reação natural a uma crise real. Ao buscar informações confiáveis, se conectar com a natureza, engajar-se em ações coletivas e cuidar de si mesmo(a), você pode transformar a ecoansiedade em um combustível para a mudança.

Caio Calassa

Engenheiro Florestal, formado pela UFG. Profissional de Marketing, pós-graduado em Marketing Estratégico Digital e estudante de Jornalismo. Utilizo dos meus conhecimentos na comunicação para levar informações dos setores florestal e ambiental ao maior número de pessoas (estudantes, profissionais e sociedade).